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sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Almoço de Natal do GADV - A quinta ementa


Organizado pela Câmara Municipal de Torres Vedras, os utentes do GADV tiveram hoje o seu almoço de Natal, o qual contou com a presença de alguns familiares, técnicos de ação social que colaboram com o gabinete, a vereadora da CMTV Dra. Ana Umbelino, e também utentes dos concelhos da Lourinhã e Mafra, que também têm sido acompanhados por nós. A presença do Dr. Luis Balau, assistente social da Câmara Municipal da Lourinhã foi muito importante. Aos poucos, outros concelhos começam a despertar para a necessidade de apoiar as pessoas com deficiência visual. 
Quanto ao almoço, foi mais uma jornada de grande convívio, muito participada. Estes encontros, a forma como o grupo tem vindo a crescer e como estão cada vez mais tranquilos e confiantes, leva-me a pensar que o trabalho realizado até aqui não foi em vão. Tendo presente que ainda há muito para fazer, temos muita vontade de continuar e estamos de braços abertos para receber quem precisa.

Deixo aqui o poema que a vereadora Ana Umbelino citou quando falou hoje com os utentes.

No Meio do Caminho
Carlos Drummond de Andrade
  
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

Acrescento que pedras no caminho haverão sempre e que a forma como as contornamos vai demonstrar a nossa força de carácter e a nossa determinação.

Que no próximo ano possamos ter essa força para enfrentar os desafios que nos esperam.

BOM NATAL e UM EXCELENTE ANO de 2018
FMM

domingo, 3 de dezembro de 2017

Dia 3 de dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência


Hoje assinala-se o Dia internacional da Pessoa com Deficiência.
Pode parecer cliché mas, para mim, todos os dias são dias da pessoa com deficiência, porque trabalho com elas. E quando não trabalho, não há nenhum dia em que não pense como, de alguma forma, tornar o seu mundo melhor. O nosso mundo.
Há sempre muito por fazer, barreiras a quebrar e mentalidades a mudar.
Espero que todos se lembrem daqueles que, não sendo menos que ninguém, nem inferiores em nada, enquanto pessoas, seres humanos e participantes na sociedade, não conseguem aceder aos serviços e locais da mesma maneira e têm que sofrer 'na pele' toda a discriminação que, ainda, incrivelmente, existe.

Deixo aqui informação sobre o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Internacional_das_Pessoas_com_Defici%C3%AAncia

FMM

domingo, 26 de novembro de 2017

Nunca é tarde para estudar.

Não é por ter deficiência visual que uma pessoa deverá deixar de ter acesso à educação, enquanto adulto.
É gratificante saber que em Torres Vedras há pessoas que se preocupam e estão atentas a estas situações e procuram soluções para as pessoas com DV que procuram fazer prosseguimento de estudos. 
Estou a falar do Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas Henriques Nogueira. (https://www.facebook.com/CentroQualificaAEHN/)

Deixo aqui o link de um vídeo onde se pode ver e ouvir o testemunho de um senhor com DV que procurou valorizar-se através dos estudos. É um caso de sucesso e deixa-nos palavras muito importantes e encorajadoras, tanto para as pessoas com DV, como para os familiares dos mesmos e técnicos que com elas trabalham.

https://www.qualifica.gov.pt/#/videos/127

FMM
  

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Falta de civismo. Passadeiras para quê?

O vídeo 'fala' por si.
Depois de 2 minutos à espera, decidi filmar.
Local: Ramalhal, estrada nacional nº 8, em pleno centro da aldeia. 
É a passadeira que dá acesso à paragem de autocarros.
FMM

sábado, 28 de outubro de 2017

V Semana da Visão - Encontro Convívio

Convívio ao jantar.
Na sexta feira, dia 27 de outubro decorreu um convívio, ao jantar, de utentes do GADV, os seus familiares, os parceiros do GADV (Pax Óptica) e seus colaboradores.
Inserido nas Festas da Cidade de Torres Vedras, o jantar realizou-se nas Tasquinhas. na Expotorres.  
Foi um encontro de grande convívio e confraternização, que serviu  para estreitar os laços existentes entre todos os que, de uma forma ou outra, estão envolvidos no Gabinete de Apoio à Deficiência Visual. 
Um agradecimento à equipa das Tasquinhas da Freiria pelo seu trabalho.
O jantar estava muito bom.

Jantar na Tasquinha da Freiria.

A jantar.
Momentos de convívio.
A simpatia das representantes da Pax Óptica,
Laura Rodas e Maria da Luz.





FMM 

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

V Semana da Visão - dia 3



Dia 25/10 (quarta-feira)
09h30 | Conversa: “A Deficiência Visual na 1ª Pessoa”
Fernando Martins - Prof. Educação Especial AEPVM e utentes do GADV
Destinatários: Alunos do AEPVM 
Local: Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias

Um  grande obrigado ao Leonel (funcionário da Câmara Municipal de Torres Vedras - GADV) e ao Vítor (utente) pela sua disponibilidade em partilharem a sua experiência de vida, principalmente a forma como viveram e vivem a deficiência visual. Tenho a certeza que os 40 alunos e 6 professores que conversaram com eles ficaram mais ricos, mais sensibilizados e mais despertos para esta problemática. Foi uma manhã muito interessante e de grande partilha. 

FMM




terça-feira, 24 de outubro de 2017

V Semana da Visão - dia 2


Dia 24/10 (terça-feira)
10h00 | Dia Municipal para a Igualdade
Oficina 2 “O Papel e Cor … a Argila e o Sentido” - Denize Quinsler (Arte ao Centro)
Destinatários: utentes do GADV 
Local: Porta 5 – Espaço Cultural 
Foi a segunda parte de uma atividade iniciada ontem.




14h30 | “Cuidar da Visão – capacitação e qualidade de vida”e Rastreio visual
Rui Hipólito - Pax Óptica
Local: Casa do Povo de Runa
Sessão de sensibilização da comunidade sénior para a necessidade de prevenir eventuais problemas visuais.





segunda-feira, 23 de outubro de 2017

V Semana da Visão - dia 1

Hoje foi o primeiro dia da V Semana da Visão em Torres Vedras.
Aqui ficam as atividades de hoje:

Dia 23/10 (segunda-feira)
10h00 | Oficina de Braille | Fernando Martins – Professor de Educação Especial AEPVM
Destinatários: comunidade 
Local: Porta 5 – Espaço Cultural












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14h00 |Oficina 1 “O Papel e Cor … a Argila e o Sentido” - Denize Quinsler (Arte ao Centro)
Destinatários: utentes do Gabinete de Apoio à Deficiência Visual
Local: Porta 5 - Espaço Cultural 

















FMM

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

V Semana da Visão - Torres Vedras

Mais uma vez a Câmara Municipal de Torres Vedras, através do Gabinete de Apoio à Deficiência Visual (GADV), em parceria com o Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias e a empresa Pax Óptica, promove a Semana da Visão. 
É de louvar que três instituições públicas e privadas criem sinergias que permitam o acesso do público a atividades que sensibilizem a comunidade para a deficiência visual e  promovam rastreios visuais, entre outras.

Informações sobre o Programa: aqui

FMM

domingo, 15 de outubro de 2017

Dia Mundial da Bengala Branca - 15 de outubro


Hoje comemora-se o Dia Mundial da Bengala Branca. 
Para mim, a utilização da bengala branca é uma forma de afirmação de uma pessoa cega como uma pessoa independente, confiante e digna.

A sua utilização requer um treino específico. A sua má utilização  pode dar uma 'falsa' sensação de segurança e pode colocar a integridade física do utilizador em causa.

Há uma coisa que a bengala não resolve: a falta de civismo das pessoas!!


FMM

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Prestação Social para a Inclusão (guia prático)



Decreto-Lei n.º 126-A/2017 saiu no passado dia 6 de outubro.

Podem vê-lo aqui: 
https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/108269605/details/maximized


Deixo-vos aqui um guia prático que ajuda a entender o Decreto Lei:

http://www.seg-social.pt/documents/10152/14948/8003_Presta_Social_inclusao/99bd44c9-637e-4816-b19e-b914e6e70314

Façam valer os vossos direitos.
Qualquer dúvida não hesitem em contactar o GADV.

Dia Mundial da Visão



Neste Dia Mundial da Visão deixo aqui o meu abraço a todos os utentes do Gabinete de Apoio à Deficiência Visual, da Câmara Municipal de Torres Vedras. O meu respeito pelo que fazem, pela luta diária contra uma sociedade nada preparada para respeitar a diferença. Um grande agradecimento à Dra. Sandra Colaço da área do Desenvolvimento Social da CMTV e ao Leonel Alves, funcionário do GADV, pelo trabalho que fazem em prol das pessoas com DV do concelho.

Tendo em mente que a cada 5 segundos uma pessoa no mundo fica cega, é cada vez mais importante a prevenção e o rastreio. Cerca de metade dos problemas visuais poderiam ser evitadas com um diagnóstico precoce.

Um agradecimento aos nossos parceiros da Pax Optica pelo apoio prestado ao GADV e por se prontificarem a co-organizar sessões de sensibilização junto da população jovem e também da mais idosa do nosso concelho.

Muito tem sido feito, muito há ainda a fazer.

Se conhecerem alguma pessoa com DV que possa precisar de apoio, não hesitem em contactar-nos:

Divisão de Desenvolvimento Social – Área de Atividade Física e Saúde
Câmara Municipal de Torres Vedras
Sandra Colaço
Telefone n.º: 261 320 771
E-mail: sandracolaco@cm-tvedras.pt
Professor Fernando Martins
E-mail: prof_fernando@hotmail.com


sábado, 7 de outubro de 2017

Prestação Social para a Inclusão - Decreto Lei 126-A/2017, de 6 de outubro

Boas notícias para as pessoas com DV. 
Saiu ontem em Diário da República o Decreto Lei que cria a Prestação Social para a Inclusão.

É importante que leiam o documento com atenção para que possam fazer valer os vossos direitos.

https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/108269605/details/maximized

Versão PDF aqui: https://dre.pt/application/file/a/108269512

Boas leituras. 
FMM

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

(Não) deixar de ser...

Quando estás bem de saúde, em toda a tua plenitude, sempre em festa, ativo, simpático para toda a gente, comunicativo, senhor de ti, atraente, novo, bem sucedido, rico, socialmente ativo, em forma, limpo, bem tratado, orgulhoso, bem falante, atuante, empregado...todos são teus amigos.

Quando tens um problema de saúde que  (até conseguires dar a volta por cima) te diminui, te faz sentir menos capaz, te enterra em pensamentos deprimentes, te tira autonomia, te faz deixar de fazer o que mais gostas, te obriga a alterares toda a tua rotina, te faz olhar para os outros com desconfiança, te faz ouvir dos outros a condescendência do 'coitadinho', te tira a alegria de viver, a esperança, a harmonia, a paz de não ter dores, a possibilidade de tomares as tuas decisões... onde estão os teus amigos?

Já referi algumas vezes neste blog o problema que as crianças e os jovens com DV têm de fazer amizades nas escolas. 
O que aqui se trata hoje é o facto desta situação acontecer em idade adulta. É frequente ouvir de pessoas com DV que desde o momento em que a sua perda de visão (total, ou não) os fez perder autonomia, ou os limitou de alguma forma, que muitos que eles consideravam amigos os abandonaram. São votados ao ostracismo. Este facto tem consequências desastrosas para o bem estar da pessoa. A forma como a pessoa vai ultrapassar o seu problema de saúde, ou mesmo, caso a cegueira ou baixa visão sejam irreversíveis, está ligada com o apoio que vai ter da família e também dos amigos. 

Como é possível 'abandonarmos'alguém que sempre fora nossa amiga, só porque neste momento está com problemas visuais?
Não entendo. 

O que eu posso escrever é que não é fácil ter uma pessoa, que já terá vivido mais de metade da sua vida, à tua frente, lavada em lágrimas, a lamentar o facto de, a acrescentar ao tão já doloroso processo de perda de visão, ter sido abandonada por aqueles que considerava amigos.

Como ela disse: "Uma pessoa deixa de ver, não deixa de ser!"

Nunca mais vou esquecer estas palavras. 
Lembrem-se também.


FMM


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Procura-se: Amigo para brincar.

Custa ouvir um aluno teu dizer que está um pouco triste porque o intervalo acabou e não teve ninguém para brincar. 
Se, por um lado, entendo que não devemos 'obrigar' ninguém a brincar com outro menino, por outro, quem é cego ou tem baixa visão está em grande desvantagem no recreio, porque não pode 'procurar' amigos da mesma forma. As próprias brincadeiras desenrolam-se, muitas vezes, a uma velocidade imprópria para alguém com problemas visuais. 
Como resolver isso? 
Arranja-se um buddy para cada intervalo?
Entregamos o menino a um colega para que este 'olhe' por ele?
Arranjamos uma alternativa à brincadeira livre do intervalo, num género de 'mini ATL'?
Penso que o melhor é falar com o aluno e explicar-lhe que ele pode procurar os amigos, mas que nem todos podem ser seus amigos. A vida encarregar-se-à de selecioná-los por ele. Também é melhor falar com os outros alunos, tentar sensibilizá-los que uma pessoa cega ou com baixa visão tem as mesmas (às vezes mais) capacidades que eles, mas que não podem fazer as coisas tão depressa, nem podem procurá-los. Através da sensibilização talvez se consiga obter alguns resultados. 
Num mundo virado para a 'pressa' e para o 'visual', conseguir entender esta situação é muito difícil.
FMM

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Caminhada GADV - perceção da realidade - sonhos

Organizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pelo seu Gabinete de Apoio  à Deficiência Visual (GADV)  fizemos hoje uma caminhada na Várzea, com visita ao Centro de Educação Ambiental. Estas atividades são muito importantes. Ver o espírito de entreajuda entre eles nas questões da mobilidade é gratificante. Os que têm visão, embora muito reduzida, foram acompanhando os outros, mostrando-se sempre disponíveis. Claro que há sempre os aventureiros que já não precisam de guia e lá seguiam o seu caminho sozinhos.


Nestas atividades há sempre tempo para conversas e hoje houve uma que foi especialmente de encontro a algo que eu já vinha pensando há uns dias e pretendia escrever aqui sobre esse assunto.
Não querendo entrar por questões filosóficas, que não domino, dei por mim a pensar na forma como nós vemos a realidade. Cada um de nós tem uma perceção diferente daquilo que vê. Se pedirmos a 10 pessoas que descrevam um banco de jardim, por exemplo, apesar de todos revelarem as caraterísticas 'normais' de um banco (ter pés, encosto, material de que é feito, etc...), iremos ter 10 respostas diferentes, a forma como interpretamos o que vemos difere de pessoa para pessoa. Comecei a pensar nisso na perspetiva de termos que descrever uma imagem ou um objeto a um cego. Quando o fazemos estamos a dar a nossa 'versão' do que estamos a descrever e por muito que queiramos aproximarmos-nos da 'realidade' (o que quer que ela seja) não estamos mais que a dar uma visão deturpada do que pretendemos descrever. E que 'imagem' cria o cego com aquilo que tentamos descrever? 

O sr. R falava sobre isso. Como nunca viu em toda a sua vida, disse-me que foi criando imagens das coisas e que, quando dorme, sonha com isso. Ele quer saber como são as coisas, quer perceber o que elas têm para poder utilizá-las na sua vida. Deu exemplo de um avião. Sabe perfeitamente quais as partes de um avião, sabe onde está o piloto, as asas, os bancos onde se senta. Ele criou a imagem do avião na sua cabeça. 
Voltando aos sonhos. Quem nunca viu tem imagens no sonho? Fiz a pergunta, mas não consegui obter uma resposta clara sobre isso porque entretanto houve alguém que mudou de assunto e não consegui aprofundar. O sr. R limitou-se a dizer que nos seus sonhos não existem barreiras, que ele move-se pelos espaços sem se preocupar com a sua segurança. É livre, portanto. Essa ideia de liberdade agrada-me. Faz-me pensar no bem que podemos fazer pelas pessoas com mobilidade reduzida, se pensarmos mais nelas quando construímos uma estrada, um passeio, uma passadeira. Podemos dar-lhes a liberdade com que sonham. Podemos tornar o seu sonho realidade.
FMM









segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Rentrée Num piscar de olhos

Após algum tempo de paragem, está na hora de reativar este blog.
Num piscar de olhos pretende promover uma reflexão sobre a deficiência visual. Conta histórias que são de todos, mas não são de ninguém.
Quem passa por problemas visuais graves, ou tem familiares que passam por eles, sabe o difícil que é lidar com isso.
Hoje conheci um senhor que está praticamente cego. O último ano de vida foi passado a lutar, entre operações, para não perder o pouco de visão que tem. O luto instalou-se na sua vida. Esteve praticamente 6 meses sem sair de casa (só o essencial) e as interações sociais resvalaram para o nível 0. Apesar do grande apoio do núcleo familiar, este senhor foi completamente ostracizado por muitos que se diziam seus amigos. O que faz estas pessoas afastarem-se? São as pessoas que se afastam por, muitas vezes, nem compreenderem a diferença, ou nem sequer a aceitam? Ou será o próprio indivíduo que se fecha sobre si mesmo? Será que, ao perceber que já não desempenha o mesmo papel social, se isola, erguendo barreiras à sua volta, afastando tudo e todos?
Felizmente, estas situações são temporárias, dependem de pessoa para pessoa, mas tem sido tema comum nas conversas que vou tendo com alguns utentes do gabinete.
É pena que tenham que passar por isso, antes de procurar/ aceitar ajuda.
O senhor que conheci hoje já (aparentemente) 'ultrapassou' isso. Está com uma enorme vontade de aprender. Está a redescobrir o seu papel na sociedade. Não se conforma. Quer lutar. Quer melhorar a cada dia. E nós estamos cá, para ajudar e orientar. Mas, no essencial, a força de querer mudar, de querer aprender, está dentro da pessoa. Essa força é o combustível que os motiva, que nos motiva a procurar dar respostas a pessoas que, de um momento para o outro, ficaram sem visão.
A visão poderão nunca recuperar, mas a dignidade, essa, está ali ao virar da esquina, numa deslocação autónoma, num apanhar do autocarro, no ver as horas, no comunicar ao telemóvel, numa ida ao café, no atravessar de uma estrada numa passadeira sinalizada...
Cabe a nós, enquanto sociedade, de estar alerta e zelar por aqueles que de alguma forma ficaram mais vulneráveis devido a uma qualquer doença.
De duas horas de conversa deixo aqui a parte que mais me comove e alegra:

"Quando conheci o gabinete (GADV) e o Leonel, foi como se fosse um rapazito a quem tinham oferecido o primeiro telemóvel. Estou eufórico."

Eu lembro-me bem da euforia que tive quando me ofereceram o meu primeiro telemóvel e já não era nenhum rapazito.
É bom ver as pessoas felizes.

Um bem haja à Câmara Municipal de Torres Vedras pelo apoio prestado às pessoas com DV.
FMM

sexta-feira, 17 de março de 2017

Não pode um cego sonhar?


E quando o preconceito e o estigma estão dentro da própria família?
Sei que parece algo surreal, mas não são poucas as vezes em que as dificuldades, pelas quais as pessoas com deficiência visual passam, são criadas pelas próprias famílias.
Falo especialmente de pessoas com cegueira ou baixa visão extrema, recém adquiridas. 
Infelizmente muitos são tratados como autênticos coitadinhos. A sua função e pertinência como pessoas vão diminuindo à mesma velocidade que perdem a visão. No seio da família, quer devido a uma exagerada proteção, quer devido à falta de informação, as pessoas com DV são, muitas vezes, menorizadas naquilo que são as suas potencialidades, as suas necessidades, os seus sonhos.
Ao querermos proteger uma pessoa com DV da aprendizagem da sua autonomia, por medo ou por simplesmente, não querermos que essa pessoa evolua, se emancipe, se torne independente, estamos a negar-lhe os sonhos, estamos a dizer-lhe que se resigne, à sua condição, à sua "deficiência". 
É uma das minhas grandes lutas. Eu não me conformo com as limitações, eu nunca valorizo o que uma pessoa com DV não consegue fazer. Todas as minhas energias são gastas a promover as capacidades das pessoas, tento trazer o que têm de melhor. E têm tanto de bom, tanto para dar, tanto para evoluir. 
Aqueles que acham que é mais seguro os seus familiares com DV ficarem em casa, fazer as coisas por eles, tomar as decisões por eles, estão a promover o preconceito.
Do que é que têm medo?
A 'bolha' que utilizam para os "proteger", tanto os protegem do que de mau possa acontecer, como impedem que coisas boas apareçam. 
O desafio para as famílias é que oiçam e tentem entender o que os seus familiares desejam para a sua vida. 
O facto de uma pessoa ver mal ou não ver, não significa que não pode tomar as suas decisões, tomar conta da sua vida, fazer as suas atividades, trabalhar, conviver, sair, deslocar-se com autonomia, viver!
Ela tem todo o direito de sonhar!!
FMM

quarta-feira, 15 de março de 2017

De olhos postos na Educação Especial... Uma viagem pela Deficiência Visual. Sessão III

No dia 8 de março, decorreu a III sessão da formação interna no Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias, sobre a deficiência visual.
Dando continuidade ao trabalho realizado na sessão anterior, ainda sobre Orientação e Mobilidade, tive oportunidade de falar sobre a utilização da bengala branca. Foi possível refletir sobre o seu papel na vida de uma pessoa com deficiência visual, a dignidade que dá. Ao mesmo tempo é um objeto com o qual as pessoas com cegueira recém adquirida têm problemas. A imagem de uma pessoa com bengala acaba por estar muito estigmatizada. Para alguns (os que ainda não fizeram o seu 'luto') pegar numa bengala representa a aceitação total da sua incapacidade e isso, parece-lhes, completamente inaceitável.
Depois da reflexão, foi feita uma abordagem mais técnica de como se utiliza a bengala, quais as técnicas mais comuns e também, algumas dicas de como se desce e sobe escadas. Os formandos puderam depois experimentar a sua utilização, de olhos vendados.
Na segunda parte da sessão, fez-se uma referência ao material tiflotécnico mais utilizado, tanto em casa, como, principalmente, na escola e quais as potencialidades de cada um. 
No fim, deslocámo-nos à sala de educação especial - visão, e pudemos ver o funcionamento dos equipamentos que a escola tem e pude explicar como funciona o 'circuito' de elaboração e adaptação de materiais para os alunos com baixa visão ou cegueira do nosso agrupamento.
FMM



sábado, 18 de fevereiro de 2017

De olhos postos na Educação Especial... uma viagem pela Deficiência Visual! - sessão II

No dia 8 de fevereiro estivemos reunidos mais uma vez na ação de formação. Foi possível partilhar algumas ideias, discutir temas como o papel social das pessoas com deficiência visual, o preconceito e o estigma que ainda existe e tentámos eliminar alguns mitos relacionados com esta matéria.
Depois, abordámos a temática da orientação e mobilidade dando ênfase à importância que a mesma tem para a autonomia e bem estar de um cego.
Na imagem que aqui deixo vemos o grupo a simular uma situação de mobilidade com um guia. A tarefa foi muito simples, em pares deslocavam-se por vários espaços da escola, um com venda e outro a fazer de guia. A certa altura trocavam.
Cada um reagiu à sua maneira, mas foi possível constatar que todos eles consideraram como muito difícil a deslocação de olhos vendados. Alguns tiveram tonturas, outros chocaram com objetos (culpa do guia!!). 

Todos eles saíram com consciência de que não basta colocar uma venda para entender uma pessoa cega. No fim, todos a tiraram e voltaram à sua vida.

Um cego, esse, nunca tira a venda!

FMM

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Orelhas 'grandes'!

O Sr. A.B. utente do GADV, com baixa visão extrema,  a propósito de alguém lhe ter dito que andava muito calado ultimamente, respondeu: "À medida que os olhos vão diminuindo, as orelhas vão crescendo. Agora oiço muito mais que antigamente, e com mais atenção."

Tendo ou não uma limitação visual, parece-me uma excelente ideia, ouvirmos mais os outros, prestando atenção ao que dizem. 
As pessoas escutam mas não ouvem. Na nossa sociedade nem sempre interessa o que outra pessoa tem para dizer, porque o que importa é aquilo que achamos e a opinião que temos sobre tudo.

Olhar e não ver.
Escutar e não ouvir.

FMM


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Não basta pôr uma venda nos olhos...

Era uma vez um menino chamado António que era cego. Tinha perdido a visão há alguns anos e sempre se lembra de ter sido cego. Na sua memória guardava apenas algumas imagens, das faces da sua família mais chegada, das cores e pouco mais. Como qualquer outro menino, António andava na escola. O que para a maioria dos meninos era tarefa fácil, para António era um desafio. Para um menino cego, a autonomia e a autoconfiança não era garantida, conquistava-se, dia-a-dia, a pulso, com dificuldade, com passos pequenos mas seguros. Para isso, o menino contava com muitas ajudas, tinha uma senhora que o ajudava nos intervalos, porque nem sempre havia colegas disponíveis para o fazer (os meninos nas escolas básicas são muito ocupados e desaparecem nos intervalos, vão à sua vida - já referi este assunto no blog). Para além disso, tinha professores que o acompanhavam em quase todas as aulas. Haveria de haver um dia em que António seria um jovem completamente autónomo nos estudos e teria a destreza no Braille e a capacidade de registar tudo o que se passava nas aulas e aí sim, não precisaria de acompanhamento. Apesar de todas as dificuldades o menino António era um bom miúdo, com sentido de humor, muito confiante e agradável com todos. Quem tivesse o cuidado e a sorte de o conhecer melhor, conseguiria ver que, apesar de todas as dificuldades que tinha, era um miúdo destemido, adorava conhecer coisas novas e nunca virava a cara a novas aventuras.
Como qualquer menino cego o grande problema dele era a dificuldade que tinha em arranjar amigos. Num mundo a 200 à hora, onde a imagem, o parecer e a superficialidade pareciam ser dominantes, um menino como ele sentia-se deslocado, estranho, às vezes, quase impotente para ultrapassar as barreiras criadas pelas pessoas. Sim, por muito que se pense que o maior problema de um cego possam ser as barreiras arquitetónicas, a falta de acessos aos locais, a falta de sinalização de passadeiras, etc., o maior problema é a falta de sensibilidade, o preconceito e o estigma.
O António era cego, mas via e sentia essa falta de sensibilidade e até mesmo alguma crueldade por parte dos meninos da sua idade, da sua turma. Ele sabia que não podia ser amigo de todos. Ser cego não implicava que toda a gente gostasse dele. Também não queria que sentissem pena dele. Nem pensar.
O mundo era um local louco naqueles tempos. Os valores estavam todos invertidos. Não se respeitavam as diferenças e os meninos que estavam próximos do António não o respeitavam, não percebiam porque é que ele tinha tantas ajudas e por que é que as suas conquistas eram festejadas tão efusivamente. Os corações de alguns deles não tinham compaixão e a sua inveja crescia na mesma proporção da sua altura. Alguns deles, sabe-se lá porquê, também queriam ter essa atenção, também queriam ter professores que os acompanhassem nas aulas, ou uma senhora que os lembrasse que tinham que comer nos intervalos ou não os deixassem ficar sozinhos quando mais ninguém os queria acompanhar.
Esse sentimento fazia com que, por vezes, fossem cruéis com o António. É incrível como algumas atitudes podem estragar meses de trabalho no que diz respeito a autonomia, autoconfiança, e bem estar de um menino cego.
Nesse tempo só se dava importância aquilo que era visível. Observavam-se os privilégios, mas ignoravam-se as causas. Esses sentimentos negativos impediam que se visse mais além, que se olhasse a pessoa e se entendesse. O menino António não era um privilegiado. O menino António estava numa escola onde lhe eram dadas oportunidades de crescer, de se preparar para o futuro, de ganhar competências para sobreviver num mundo competitivo.
Será que os colegas que desejavam ter os mesmos "privilégios" estariam dispostos a colocar-se na mesma situação do António? NÃO!
Será que o António abdicaria de todos os "privilégios" para ter nem que fosse um pouco de visão que permitisse ser mais autónomo na escola? SIM!

Felizmente vivemos  numa sociedade moderna, onde os direitos dos meninos com deficiência visual (ou qualquer outra) estão salvaguardados. As crianças sabem respeitar as diferenças e apoiam os colegas que têm mais dificuldades. Quando um desses meninos consegue uma vitória, seja numa atividade da sala de aula, seja num torneio de uma qualquer modalidade, essa vitória é festejada como se fosse de todos. Hoje em dia, apesar de não termos de ser amigos de toda a gente, e não termos de ser amigos de um menino só porque ele tem uma deficiência qualquer, sabemos respeitar a condição do outro, agarramos no 'd' da palavra deficiência, mandamos fora, e transformamos em eficiência. Nos intervalos, em vez de fingirmos que não estamos ao lado do António, fazemos notar a nossa presença, e perguntamos se quer ir dar uma volta connosco. Olhamos para as ajudas que ele tem e compreendemos e ficamos felizes por estarmos numa escola que lhe dá essas condições. Nunca se sabe se não poderá acontecer algo semelhante connosco e não sermos nós a necessitar dessa ajuda, mesmo que temporária.
É bom viver num mundo assim.

FMM

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Conferência 'Deficiência, Inclusão e Direitos Humanos"

A APECI promoveu a Conferência com o tema “Deficiência, Inclusão e Direitos Humanos” que teve lugar hoje, dia 1 de fevereiro de 2017  no Auditório do edifício dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Torres Vedras. Esta ação foi dinamizada pela Dra. Isabel Felgueiras e pela Prof. Dra. Júlia Serpa Pimentel que apresentam uma larga experiência académica e profissional na abordagem desta temática. O objetivo principal desta ação foi o de refletirmos sobre a atualidade da inclusão das Pessoas com deficiência ou incapacidade na sociedade portuguesa e, em particular, na comunidade torreense. 


A sessão foi aberta pela vereadora Ana Umbelino que fez uma excelente reflexão sobre esta temática. Saliento uma frase que referiu na qual diz, e estou a citar de cor, que é a própria sociedade que cria a incapacidade dos outros, por não saber construir espaços que respeitem a diversidade. 

Fiquei a pensar nisto. De facto, somos nós (todos) que criamos muitas vezes essa incapacidade. A deficiência ou incapacidade do outro só é visível se ele tiver que desempenhar um determinado papel ou deslocar-se a um local e não conseguir. Se houver uma mudança de paradigma, na forma como olhamos a deficiência, talvez as diferenças se vão esbatendo cada vez mais, até, num cenário utópico, desaparecerem de vez. Uma pessoa em cadeira de rodas só se mostrará incapaz se lhe for 'exigido' algo que a sua condição não permita realizar. Uma escada, por exemplo, só será obstáculo se for a única forma de aceder a um local. Fica para reflexão.

Depois falou-se sobre os direitos humanos. A defesa dos direitos humanos e dos direitos das pessoas com deficiência ou incapacidade é algo que já vem de tempos muito remotos. É um processo inacabado, com altos e baixos, sensível a modas. Esses direitos não estão garantidos, é preciso defendê-los, cuidar deles e promovê-los. Hoje e sempre.

Tenho andado com outra preocupação, algo que tem merecido alguma reflexão da minha parte e que foi falado hoje na conferência. 
Ainda ontem, numa reunião com uma encarregada de educação, falávamos sobre a passagem, de um aluno com uma deficiência ou incapacidade, da escola para o mundo do trabalho. Como articular essa passagem? Como suavizar o choque do final da escolaridade e a passagem para a idade adulta? Para onde vai o jovem? Com quem fica? Conseguirá um trabalho? Conseguirá realizar um trabalho sequer? Terá autonomia para tratar dele próprio? Terá autonomia para se deslocar entre casa e o trabalho, se o tiver? Estará a escola a prepará-lo para o 'mundo real'? Estarão os pais preparados para deixá-los entrar no 'mundo real'?
Por enquanto, ficam as perguntas. Espero conseguir dar respostas no futuro.
É sempre uma angústia para pais e professores. 
Garantir o acesso às aprendizagens e resolver os problemas do dia-a-dia e projetar o futuro de alunos com alguma deficiência e incapacidade não é tarefa fácil. Arregacemos as mangas.
As conferências servem para isto mesmo, para pensar, mesmo que as ideias surjam algo confusas e os temas se misturem. É hora de arrumar as ideias.
FMM



segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A assinatura de um cego

Uma pessoa com deficiência visual grave sabe assinar?

Hoje pretendo escrever sobre esta temática e refletir um pouco sobre este assunto.
O 'saber assinar' é algo que nos acompanha ao longo de quase toda a nossa vida. Assim que aprendemos a escrever começamos a inventar assinaturas, a fazer rabiscos e 'assinar' um documento acaba por ser uma forma de 'crescer' e deixar a nossa 'marca'.
Como fará então um cego?
Se utiliza a impressão digital como assinatura por não saber utilizar a grafia a negro, um cego é tido como um analfabeto. Esta situação traz desconforto e acentua o estigma e a diferença.
Poder assinar um documento é uma forma de atenuar o preconceito e uma clara mensagem à sociedade de que, apesar da falta de visão, é possível uma pessoa cega deixar a sua marca pessoal num documento.
Com um bom controlo corporal, uma motricidade fina desenvolvida, uma boa orientação espacial e uma boa memória tátil e cinestésica, e muito treino é possível aprender a assinar a negro.
Cabe ao professor ou técnico orientar e promover este treino de forma a contribuir para uma maior participação social da pessoa com deficiência visual.
FMM


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Olhar não significa VER!


Porque andam as pessoas (neste caso, jovens) tão alienados?
Confesso que gosto de observar pessoas, não no sentido de um voyeurismo doentio, mas no sentido de entender o que as move, como atuam e reagem perante diversas situações, como comentam as notícias (às vezes leio mais os comentários que as próprias notícias!!) e por aí fora. 
No trabalho que tenho com crianças, jovens e adultos com baixa visão ou cegueira, dou por mim a observar, não só como as pessoas com DV se comportam e reagem perante as situações que aparecem ou perante aquelas que eu próprio provoco para testar alguns conhecimentos ou avaliar a sua destreza quando encontram obstáculos, mas também como as outras pessoas reagem perante eles.
As reações vão desde a preocupação extrema e exagerada perante tudo o que tenha a ver com a cegueira, à completa indiferença e quase alienação da presença do outro. Talvez este comportamento seja transversal a todos os que os rodeiam. Pessoas fechadas sobre si mesmas, a viver no seu mundo...
Eu não sou assim, se vejo um idoso a atravessar a rua vejo se está a fazê-lo em segurança; se vejo uma criança sozinha, olho em volta à procura de um pai, ou um irmão mais velho; se vejo uma pessoa a cair, apresso-me para a ajudar...
Posto isto, esta 'conversa' toda vem a propósito de algo que aconteceu hoje. Não sendo grave, a reincidência de acontecimentos do género fizeram-me escrever isto.
Hoje quando a minha aluna estava a preparar-se para subir as escadas de acesso de um edifício, reparei que estava uma jovem sentada nas mesmas, mesmo no local por onde a aluna costuma passar. 

A aluna veio no seu percurso, com a bengala (tic-tic-tic) a marcar cada passo, segura de si, autónoma e confiante. Iria subir as escadas por onde todos os dias sobe, sabe que é por ali que é mais seguro e lá se dirige para os primeiros degraus. 

A jovem sentada, ao ouvir o tic-tic da bengala olha na nossa direção e vê-nos. Reação - a minha expetativa: que se levantasse e facilitasse a passagem da aluna; o que aconteceu: não teve reação, voltou a olhar para o telemóvel e deixou-se ficar onde estava. 
Naqueles segundos pensei se não deveria avisar a aluna para ela se desviar, mas logo achei que até seria bom ela 'esbarrar' contra o obstáculo, seria uma forma 'real' de lhe lembrar que, apesar de se fazer o mesmo percurso todos os dias, há sempre a possibilidade de surgir algo inesperado.
E assim foi, deixei-a ir. A jovem levou com a bengala, a aluna identificou e ultrapassou o obstáculo e todos continuaram a sua vida.
Mas fiquei com esta ideia na cabeça: porque é que olhamos para os outros e não os vemos? Porque é que estamos a ver uma pessoa cega a vir na nossa direção e não temos a destreza mental de perceber que somos nós que temos que nos desviar? Andamos assim tão alienados? 
Eu observo e tento perceber as situações. Mas há muitas coisas que não percebo. 
Vou continuar a olhar e a ver se percebo.

FMM

De olhos postos na Educação Especial... uma viagem pela Deficiência Visual!


Começou ontem uma ação de formação interna no Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias, a qual estou a ministrar, chamada 'De olhos postos na Educação Especial... uma viagem pela Deficiência Visual'.

Esta ação insere-se no plano de atividades da escola. Esta escola é a escola sede de um agrupamento de referência para o ensino de crianças e jovens com deficiência visual. Por isso, é essencial que todos quantos trabalham com crianças e jovens com deficiência visual, estejam despertos para esta problemática e conheçam a sua implicação para que a resposta educativa dada seja o mais eficaz possível.

Dessa forma, torna-se pertinente que todos os agentes educativos tenham acesso a informação útil sobre os problemas visuais mais comuns e a forma como a visão influencia o modo como se aprende; a questão da orientação e mobilidade, nomeadamente na aprendizagem de técnicas de guia; e a grafia Braille, e a sua importância na literacia dos alunos com deficiência visual grave.

Os objetivos da ação são os seguintes:


. sensibilizar os docentes para a problemática da deficiência visual;
. informar os docentes sobre as patologias mais comuns e qual a sua influência na forma como o aluno realiza a sua aprendizagem.
. desmitificar a situação do aluno com baixa visão ou cegueira, refletindo sobre formas de intervenção educativas eficazes;
. dar a conhecer técnicas de guia e de utilização da bengala branca;
. conhecer e utilizar a grafia Braille;
. utilizar a máquina de escrever Perkins para a produção de textos em Braille.

Os temas a tratar na ação são:

. Problemas visuais
  (patologias mais comuns; diagnósticos, prevenção)
. Mitos sobre a deficiência visual 
  (estigma; papel social da pessoa cega)
. Orientação e Mobilidade 
  (conceito de orientação e mobilidade; técnicas de guia; técnicas de bengala)
. Braille -
  (introdução à grafia Braille; o alfabeto Braille; utilização da máquina Perkins; formatação do texto Braille)

Ponto de partida:
Tendo em conta que leciono num agrupamento de referência para o ensino de crianças com deficiência visual, como poderei melhorar a minha prática?


FMM