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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Caminhada GADV - perceção da realidade - sonhos

Organizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pelo seu Gabinete de Apoio  à Deficiência Visual (GADV)  fizemos hoje uma caminhada na Várzea, com visita ao Centro de Educação Ambiental. Estas atividades são muito importantes. Ver o espírito de entreajuda entre eles nas questões da mobilidade é gratificante. Os que têm visão, embora muito reduzida, foram acompanhando os outros, mostrando-se sempre disponíveis. Claro que há sempre os aventureiros que já não precisam de guia e lá seguiam o seu caminho sozinhos.


Nestas atividades há sempre tempo para conversas e hoje houve uma que foi especialmente de encontro a algo que eu já vinha pensando há uns dias e pretendia escrever aqui sobre esse assunto.
Não querendo entrar por questões filosóficas, que não domino, dei por mim a pensar na forma como nós vemos a realidade. Cada um de nós tem uma perceção diferente daquilo que vê. Se pedirmos a 10 pessoas que descrevam um banco de jardim, por exemplo, apesar de todos revelarem as caraterísticas 'normais' de um banco (ter pés, encosto, material de que é feito, etc...), iremos ter 10 respostas diferentes, a forma como interpretamos o que vemos difere de pessoa para pessoa. Comecei a pensar nisso na perspetiva de termos que descrever uma imagem ou um objeto a um cego. Quando o fazemos estamos a dar a nossa 'versão' do que estamos a descrever e por muito que queiramos aproximarmos-nos da 'realidade' (o que quer que ela seja) não estamos mais que a dar uma visão deturpada do que pretendemos descrever. E que 'imagem' cria o cego com aquilo que tentamos descrever? 

O sr. R falava sobre isso. Como nunca viu em toda a sua vida, disse-me que foi criando imagens das coisas e que, quando dorme, sonha com isso. Ele quer saber como são as coisas, quer perceber o que elas têm para poder utilizá-las na sua vida. Deu exemplo de um avião. Sabe perfeitamente quais as partes de um avião, sabe onde está o piloto, as asas, os bancos onde se senta. Ele criou a imagem do avião na sua cabeça. 
Voltando aos sonhos. Quem nunca viu tem imagens no sonho? Fiz a pergunta, mas não consegui obter uma resposta clara sobre isso porque entretanto houve alguém que mudou de assunto e não consegui aprofundar. O sr. R limitou-se a dizer que nos seus sonhos não existem barreiras, que ele move-se pelos espaços sem se preocupar com a sua segurança. É livre, portanto. Essa ideia de liberdade agrada-me. Faz-me pensar no bem que podemos fazer pelas pessoas com mobilidade reduzida, se pensarmos mais nelas quando construímos uma estrada, um passeio, uma passadeira. Podemos dar-lhes a liberdade com que sonham. Podemos tornar o seu sonho realidade.
FMM









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