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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A assinatura de um cego

Uma pessoa com deficiência visual grave sabe assinar?

Hoje pretendo escrever sobre esta temática e refletir um pouco sobre este assunto.
O 'saber assinar' é algo que nos acompanha ao longo de quase toda a nossa vida. Assim que aprendemos a escrever começamos a inventar assinaturas, a fazer rabiscos e 'assinar' um documento acaba por ser uma forma de 'crescer' e deixar a nossa 'marca'.
Como fará então um cego?
Se utiliza a impressão digital como assinatura por não saber utilizar a grafia a negro, um cego é tido como um analfabeto. Esta situação traz desconforto e acentua o estigma e a diferença.
Poder assinar um documento é uma forma de atenuar o preconceito e uma clara mensagem à sociedade de que, apesar da falta de visão, é possível uma pessoa cega deixar a sua marca pessoal num documento.
Com um bom controlo corporal, uma motricidade fina desenvolvida, uma boa orientação espacial e uma boa memória tátil e cinestésica, e muito treino é possível aprender a assinar a negro.
Cabe ao professor ou técnico orientar e promover este treino de forma a contribuir para uma maior participação social da pessoa com deficiência visual.
FMM


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Olhar não significa VER!


Porque andam as pessoas (neste caso, jovens) tão alienados?
Confesso que gosto de observar pessoas, não no sentido de um voyeurismo doentio, mas no sentido de entender o que as move, como atuam e reagem perante diversas situações, como comentam as notícias (às vezes leio mais os comentários que as próprias notícias!!) e por aí fora. 
No trabalho que tenho com crianças, jovens e adultos com baixa visão ou cegueira, dou por mim a observar, não só como as pessoas com DV se comportam e reagem perante as situações que aparecem ou perante aquelas que eu próprio provoco para testar alguns conhecimentos ou avaliar a sua destreza quando encontram obstáculos, mas também como as outras pessoas reagem perante eles.
As reações vão desde a preocupação extrema e exagerada perante tudo o que tenha a ver com a cegueira, à completa indiferença e quase alienação da presença do outro. Talvez este comportamento seja transversal a todos os que os rodeiam. Pessoas fechadas sobre si mesmas, a viver no seu mundo...
Eu não sou assim, se vejo um idoso a atravessar a rua vejo se está a fazê-lo em segurança; se vejo uma criança sozinha, olho em volta à procura de um pai, ou um irmão mais velho; se vejo uma pessoa a cair, apresso-me para a ajudar...
Posto isto, esta 'conversa' toda vem a propósito de algo que aconteceu hoje. Não sendo grave, a reincidência de acontecimentos do género fizeram-me escrever isto.
Hoje quando a minha aluna estava a preparar-se para subir as escadas de acesso de um edifício, reparei que estava uma jovem sentada nas mesmas, mesmo no local por onde a aluna costuma passar. 

A aluna veio no seu percurso, com a bengala (tic-tic-tic) a marcar cada passo, segura de si, autónoma e confiante. Iria subir as escadas por onde todos os dias sobe, sabe que é por ali que é mais seguro e lá se dirige para os primeiros degraus. 

A jovem sentada, ao ouvir o tic-tic da bengala olha na nossa direção e vê-nos. Reação - a minha expetativa: que se levantasse e facilitasse a passagem da aluna; o que aconteceu: não teve reação, voltou a olhar para o telemóvel e deixou-se ficar onde estava. 
Naqueles segundos pensei se não deveria avisar a aluna para ela se desviar, mas logo achei que até seria bom ela 'esbarrar' contra o obstáculo, seria uma forma 'real' de lhe lembrar que, apesar de se fazer o mesmo percurso todos os dias, há sempre a possibilidade de surgir algo inesperado.
E assim foi, deixei-a ir. A jovem levou com a bengala, a aluna identificou e ultrapassou o obstáculo e todos continuaram a sua vida.
Mas fiquei com esta ideia na cabeça: porque é que olhamos para os outros e não os vemos? Porque é que estamos a ver uma pessoa cega a vir na nossa direção e não temos a destreza mental de perceber que somos nós que temos que nos desviar? Andamos assim tão alienados? 
Eu observo e tento perceber as situações. Mas há muitas coisas que não percebo. 
Vou continuar a olhar e a ver se percebo.

FMM

De olhos postos na Educação Especial... uma viagem pela Deficiência Visual!


Começou ontem uma ação de formação interna no Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias, a qual estou a ministrar, chamada 'De olhos postos na Educação Especial... uma viagem pela Deficiência Visual'.

Esta ação insere-se no plano de atividades da escola. Esta escola é a escola sede de um agrupamento de referência para o ensino de crianças e jovens com deficiência visual. Por isso, é essencial que todos quantos trabalham com crianças e jovens com deficiência visual, estejam despertos para esta problemática e conheçam a sua implicação para que a resposta educativa dada seja o mais eficaz possível.

Dessa forma, torna-se pertinente que todos os agentes educativos tenham acesso a informação útil sobre os problemas visuais mais comuns e a forma como a visão influencia o modo como se aprende; a questão da orientação e mobilidade, nomeadamente na aprendizagem de técnicas de guia; e a grafia Braille, e a sua importância na literacia dos alunos com deficiência visual grave.

Os objetivos da ação são os seguintes:


. sensibilizar os docentes para a problemática da deficiência visual;
. informar os docentes sobre as patologias mais comuns e qual a sua influência na forma como o aluno realiza a sua aprendizagem.
. desmitificar a situação do aluno com baixa visão ou cegueira, refletindo sobre formas de intervenção educativas eficazes;
. dar a conhecer técnicas de guia e de utilização da bengala branca;
. conhecer e utilizar a grafia Braille;
. utilizar a máquina de escrever Perkins para a produção de textos em Braille.

Os temas a tratar na ação são:

. Problemas visuais
  (patologias mais comuns; diagnósticos, prevenção)
. Mitos sobre a deficiência visual 
  (estigma; papel social da pessoa cega)
. Orientação e Mobilidade 
  (conceito de orientação e mobilidade; técnicas de guia; técnicas de bengala)
. Braille -
  (introdução à grafia Braille; o alfabeto Braille; utilização da máquina Perkins; formatação do texto Braille)

Ponto de partida:
Tendo em conta que leciono num agrupamento de referência para o ensino de crianças com deficiência visual, como poderei melhorar a minha prática?


FMM

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Dia Mundial do Braille

Dia Mundial do Braille

Hoje comemorou-se o dia com a abertura da sala de Educação Especial (domínio visual) para uma demonstração de Braille, onde alguns alunos puderam saber um pouco sobre esta grafia e também aprenderam a escrever o seu nome em Braille.

O Braille causa sempre muita curiosidade nas crianças. A ideia de um código especial, conhecido por poucos, com o qual podem comunicar acaba por fasciná-los.

No meio desse fascínio abrem-se os horizontes, promove-se a diferença e esbate-se o preconceito!

A repetir!