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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

(Não) deixar de ser...

Quando estás bem de saúde, em toda a tua plenitude, sempre em festa, ativo, simpático para toda a gente, comunicativo, senhor de ti, atraente, novo, bem sucedido, rico, socialmente ativo, em forma, limpo, bem tratado, orgulhoso, bem falante, atuante, empregado...todos são teus amigos.

Quando tens um problema de saúde que  (até conseguires dar a volta por cima) te diminui, te faz sentir menos capaz, te enterra em pensamentos deprimentes, te tira autonomia, te faz deixar de fazer o que mais gostas, te obriga a alterares toda a tua rotina, te faz olhar para os outros com desconfiança, te faz ouvir dos outros a condescendência do 'coitadinho', te tira a alegria de viver, a esperança, a harmonia, a paz de não ter dores, a possibilidade de tomares as tuas decisões... onde estão os teus amigos?

Já referi algumas vezes neste blog o problema que as crianças e os jovens com DV têm de fazer amizades nas escolas. 
O que aqui se trata hoje é o facto desta situação acontecer em idade adulta. É frequente ouvir de pessoas com DV que desde o momento em que a sua perda de visão (total, ou não) os fez perder autonomia, ou os limitou de alguma forma, que muitos que eles consideravam amigos os abandonaram. São votados ao ostracismo. Este facto tem consequências desastrosas para o bem estar da pessoa. A forma como a pessoa vai ultrapassar o seu problema de saúde, ou mesmo, caso a cegueira ou baixa visão sejam irreversíveis, está ligada com o apoio que vai ter da família e também dos amigos. 

Como é possível 'abandonarmos'alguém que sempre fora nossa amiga, só porque neste momento está com problemas visuais?
Não entendo. 

O que eu posso escrever é que não é fácil ter uma pessoa, que já terá vivido mais de metade da sua vida, à tua frente, lavada em lágrimas, a lamentar o facto de, a acrescentar ao tão já doloroso processo de perda de visão, ter sido abandonada por aqueles que considerava amigos.

Como ela disse: "Uma pessoa deixa de ver, não deixa de ser!"

Nunca mais vou esquecer estas palavras. 
Lembrem-se também.


FMM


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