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sexta-feira, 17 de março de 2017

Não pode um cego sonhar?


E quando o preconceito e o estigma estão dentro da própria família?
Sei que parece algo surreal, mas não são poucas as vezes em que as dificuldades, pelas quais as pessoas com deficiência visual passam, são criadas pelas próprias famílias.
Falo especialmente de pessoas com cegueira ou baixa visão extrema, recém adquiridas. 
Infelizmente muitos são tratados como autênticos coitadinhos. A sua função e pertinência como pessoas vão diminuindo à mesma velocidade que perdem a visão. No seio da família, quer devido a uma exagerada proteção, quer devido à falta de informação, as pessoas com DV são, muitas vezes, menorizadas naquilo que são as suas potencialidades, as suas necessidades, os seus sonhos.
Ao querermos proteger uma pessoa com DV da aprendizagem da sua autonomia, por medo ou por simplesmente, não querermos que essa pessoa evolua, se emancipe, se torne independente, estamos a negar-lhe os sonhos, estamos a dizer-lhe que se resigne, à sua condição, à sua "deficiência". 
É uma das minhas grandes lutas. Eu não me conformo com as limitações, eu nunca valorizo o que uma pessoa com DV não consegue fazer. Todas as minhas energias são gastas a promover as capacidades das pessoas, tento trazer o que têm de melhor. E têm tanto de bom, tanto para dar, tanto para evoluir. 
Aqueles que acham que é mais seguro os seus familiares com DV ficarem em casa, fazer as coisas por eles, tomar as decisões por eles, estão a promover o preconceito.
Do que é que têm medo?
A 'bolha' que utilizam para os "proteger", tanto os protegem do que de mau possa acontecer, como impedem que coisas boas apareçam. 
O desafio para as famílias é que oiçam e tentem entender o que os seus familiares desejam para a sua vida. 
O facto de uma pessoa ver mal ou não ver, não significa que não pode tomar as suas decisões, tomar conta da sua vida, fazer as suas atividades, trabalhar, conviver, sair, deslocar-se com autonomia, viver!
Ela tem todo o direito de sonhar!!
FMM

2 comentários:

  1. Infelizmente sei na primeira pessoa o que lidar com o preconceito familiar.
    Confesso que me é muito difícil entender, e até nalguns casos perdoar!!!
    Mas de uma coisa estou certa, enquanto estiver por cá a minha miuda poderá e deverá ser usar as "asas" que Deus lhe deu para voar todos os dias...um pouco hoje....amanhã um pouquinho mais.....������

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  2. Ana, Obrigado pelo comentário!
    Decidi trazer este tema porque tenho observado algumas situações. Nunca me meto em situações familiares, mas penso que é bom as pessoas pensarem sobre isto. Partilhe no facebook. Talvez chegue a quem deva chegar!

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