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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Trabalhando a autonomia.



A autonomia de uma pessoa com deficiência visual (DV) é das coisas mais importantes e das que  dá mais satisfação em se trabalhar.
Ainda a propósito dos últimos textos que publiquei, sobre o estigma, um dos maiores estigmas que existem em relação à pessoa com DV é o de que ela é pouco autónoma e de que a falta de visão compromete a deslocação entre locais.
As aulas de Orientação e Mobilidade servem para acabarmos de vez com este estigma. Pomo-lo no bolso e depois deitamo-lo fora.
Para além de se aprender as técnicas de guia e de utilização da bengala branca (que noutro post irei abordar com maior atenção), estas aulas servem também para aumentar a autonomia da pessoa. Conseguir deslocar-se do ponto A ao ponto B em total segurança é o objetivo principal.
Hoje foi um dia particularmente feliz em relação a este assunto.
Ver a expressão da cara da B. ao conseguir, praticamente sem ajuda, sair da escola (zona de conforto), ir pelo passeio e chegar ao ATL. O caminho não é longo, mas tem alguns obstáculos, que foram ultrapassados com destreza e confiança.
A razão desse sucesso assenta principalmente em quatro fatores, a capacidade de orientação, e a força de vontade da pessoa com DV e a forma como o técnico de orientação ensina a técnica adequada a cada situação e a calma e a segurança que transmite a quem aprende.
Outro fator muito importante é a ausência de paternalismos. Sejamos francos, o mundo não é cor de rosa, nem se vai adaptar às pessoas com DV. São eles que têm de se munir com as ferramentas para o enfrentar e têm que ultrapassar os seus medos e as suas angústias.
Cada dia é uma vitória, cada percurso feito uma batalha ganha. Sabendo que no dia seguinte novas batalhas virão e só os mais preparados estarão prontos para a vencer.
O meu trabalho é colocá-los nas mais diversas situações e mostrar como sair delas. O resto virá com a sua atitude, a sua destreza e a forma como querem encarar o mundo.
Querem isolar-se e entrar no ciclo de vitimização que não leva a lado nenhum, ou preferem enfrentar o mundo e sair de cabeça erguida, com toda a dignidade que merecem, sabendo que vão passar dificuldades, mas também sabendo que irão ultrapassar as mesmas?
Brevemente algumas notas sobre o treino da bengala e técnicas de guia.
FMM


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